OMS classifica como “macabras” as políticas de países que apostaram na “imunidade de rebanho”

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Embora o texto não cite países específicos, sabe-se que o primeiro país a apostar abertamente nessa estratégia foi a Suécia, e que o governo de Jair Bolsonaro admitiu copiá-la no Brasil

Uma matéria divulgada nesta quarta-feira (11) pela agência de notícias Associated Press causou certa polêmica, ao revela um relatório da OMS (Organização Mundial da Saúde) no qual especialistas convidados pelo organismo qualificam de “macabras” as políticas adotadas por alguns países durante a pandemia do coronavírus, especialmente no primeiro semestre deste ano.

Apesar de não citar especificamente nenhum caso, o texto que continha esse adjetivo se referia aos países que apostaram na política de “imunidade de rebanho” – ou seja, deixar o vírus se espalhar e contaminar o máximo de pessoas possível, e assim gerar uma quantidade grande de pacientes curados supostamente imunizados, que cedo ou tarde se tornariam barreiras naturais contra a disseminação do patógeno.

“Esses exemplos acabaram se tornando um infeliz laboratório para estudar o vírus”, diz o informe da OMS. Contudo, a falta exemplos mencionados não impedem recordar que o primeiro país em declarar oficialmente a política de “imunidade de rebanho” foi a Suécia, em março deste ano. Poucas semanas depois, o infectologista Anders Tegnell, diretor da Agência de Saúde Pública da Suécia e principal defensor da estratégia, admitiu que ela foi um fracasso, e levou o país a “milhares de contágios e mortes que poderiam ter sido evitados”.

Tampouco é segredo que um dos países que falou abertamente em copiar o modelo sueco foi o Brasil. Além do presidente Jair Bolsonaro, seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o ex-ministro e agora também deputado Osmar Terra (MDB-RS) foram alguns dos políticos que admitiram se inspirar nas medidas do país nórdico.

Depois que Tegnell admitiu seu fracasso, os bolsonaristas deixaram de aludir à Suécia como exemplo, mas nem por isso mudaram suas medidas: o governo brasileiro continuou atuando ferozmente contra as medidas de isolamento social, apenas não se referiu mais ao conceito de imunidade de rebanho, apesar de promovê-lo.

FONTE: REVISTA FÓRUM
FOTO: Divulgação