‘Estamos prontos para produzir vacinas’, dizem trabalhadores farmacêuticos

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Rede global representando 42 sindicatos de 27 países lança carta em defesa do acesso universal a imunizantes contra a covid-19, testes, tratamentos, terapias e medicamentos

São Paulo – Trabalhadores de indústrias farmacêuticas de 27 países se disseram prontos para colaborar integralmente com a produção de vacinas contra a covid-19 visando a aceleração da imunização em escala global. Em reunião virtual realizada na terça (25), o grupo lançou uma carta defendendo o acesso universal a vacinas, testes e tratamentos para combater a pandemia.

“Nós, representantes dos trabalhadores de indústrias farmacêuticas de 27 países, estamos preparados para contribuir no esforço mundial para aumentar a produção de vacinas, remédios, testes e tratamentos relacionados à covid-19 a fim de ajudar a garantir acesso universal a esses produtos”, diz, em tradução livre, o documento. Eles também expressam “sérias preocupações com a disparidade entre países em desenvolvimento e países desenvolvidos em termos de equidade de acesso e distribuição de vacinas contra a covid-19, testes, tratamentos, terapias e drogas”.

Lembrando que 75% dos imunizantes estão concentrados em 10 países e que apenas 2% da África está vacinado, os delegados reafiram apoio à renúncia temporária de direitos de propriedade intelectual, previstos pelas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). A proposta feita pela África do Sul e Índia tem apoio de mais de cem países. Vale lembrar que o governo Bolsonaro se colocou contra a demanda que, na prática, permite a quebra temporária de patentes das vacinas. O objetivo é fazer a produção crescer para os imunizantes chegarem mais rápido a todos os lugares do mundo, especialmente aos países mais pobres.

Ação em favor de todos

Os trabalhadores pedem que países não criem grandes estoques de vacinas contra a covid-19, permitam exportações e facilitem o abastecimento de insumos para produção. Solicitam também que seja garantida a qualidade e integridade dos imunizantes durante o eventual período de relaxamento das regras de propriedade intelectual.

“O que é realmente importante é que trabalhemos juntos para criar um ambiente de trabalho seguro. Devemos trabalhar duro para superar a pandemia para que todos os trabalhadores ao redor do mundo recuperem uma vida profissional segura em uma sociedade segura. A vacinação para todos é um objetivo vital global e este é o nosso objetivo comum”, disse Masato Shinohara, presidente da IndustriALL Global Union. A instituição engloba 42 sindicatos representando os 27 países.

Pouco antes do encontro virtual, líderes do IndustriALL reuniram-se com o diretor-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala, justamente para debater o assunto. “É uma emergência, só com a solidariedade poderemos levar as vacinas e o tratamento a todas as regiões na velocidade necessária. Os farmacêuticos do IndustriALL estão dispostos a contribuir, a reconverter a produção, a transferir tecnologia e competências. Devemos remover barreiras que impedem a maior parte do mundo de receber o que é necessário”, diz Valter Sanches, secretário-geral do IndustriALL Global Union.

Fonte: Rede Brasil Atual