Ajudar pessoas em luto não é fácil, mas medidas práticas podem trazer conforto a quem perdeu um ente querido.
Lidar com pessoas que acabaram de perder entes queridos nos deixa inseguros. Que palavras usar para consolá-las? Como nos aproximarmos sem invadir-lhes a privacidade nem desrespeitar seus sentimentos?
A dificuldade de contato nos afasta e contribui para isolá-las do convívio social. O isolamento aumenta o risco de depressão, doença insidiosa que pode ter fim trágico.
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A Harvard School of Medicine publicou um manual com o título “Luto e Perda”, no qual sugere medidas e gestos que podem trazer conforto a quem vive essa fase. Tomo a liberdade de resumi-lo:
1) NÃO TENHA MEDO DE MENCIONAR A PESSOA FALECIDA
Embora a simples menção possa provocar choro, ela não deixará o amigo mais triste. Dizer como você também sente falta da pessoa que se foi, é muito melhor de que o formal “sinto muito”. É duro constatar que ninguém mais fala de quem você amou tanto.
2) NÃO PERGUNTE “COMO VOCÊ ESTÁ?”
Parece descaso. Como você acha que a pessoa vai responder uma pergunta tão impessoal? É melhor dizer “Como você está se sentindo hoje?”
Tome a iniciativa de ajudar com os procedimentos legais, a papelada, as compras e a manutenção da casa.
3) DÊ ESPERANÇA
É preciso cuidado para não parecer que você menospreza o sofrimento do outro. Dizer “Seja forte”, ou “Não fique assim”, ou “Reaja”, pode dar exatamente essa impressão e aumentar o isolamento. Procure palavras com o sentido da frase: “Você ainda ficará triste por um tempo que pode ser prolongado, mas você é forte e terá forças para encontrar o caminho”. Dessa forma, estará afirmando que não existe solução fácil nem rápida, mas que a vida vai melhorar.
4) PROCURE A PESSOA ENLUTADA
Passados os primeiros dias ou semanas depois do funeral, os amigos geralmente se afastam. Entre em contato, telefone, visite, envie mensagens que expressem solidariedade e empatia. A pessoa pode dizer: “Foi a vontade de Deus”, “Foi melhor assim”, “Deus escreve certo por linhas tortas”, você jamais.
Seja paciente. Não tenha pressa em dar conselhos; aguarde até perceber que a pessoa deseja ouvi-los.
5) AJUDE DE VERDADE
Não basta dizer “Se precisar de alguma coisa, conte comigo”. Você estará transferindo para a pessoa a responsabilidade do pedido de auxílio que ela pode estar relutante em solicitar. Tome a iniciativa de ajudar com os procedimentos legais, a papelada, as compras e a manutenção da casa.
6) LEVE REFEIÇÕES E LANCHES
Muitas vezes as viúvas e, especialmente, os viúvos encontram dificuldade em preparar as refeições nas primeiras semanas de viuvez. Levar comida, orientá-los e ajudá-los a fazer as compras de supermercado pode ser muito útil.
7) ESCUTE COM ATENÇÃO EM VEZ DE ACONSELHAR
Depois de uma grande perda, muita gente sente falta de falar sobre o acontecido, alguns chegam a contar a mesma história várias vezes. Seja paciente. Não tenha pressa em dar conselhos; aguarde até perceber que a pessoa deseja ouvi-los.
8) EVITE JULGAMENTOS
É impossível avaliar no outro o sofrimento causado pela perda. A vida emocional da pessoa sofreu um impacto que poderá ser duradouro ou mesmo definitivo. Não considere fraqueza a demora na recuperação nem demonstre irritação diante da dificuldade dela em retomar a vida rotineira.
FONTE: DR.Drauzio Varella
FOTO: REPRODUÇÃO