O suicídio relaciona-se com questões de gênero, raça e classe social atreladas ao sistema de produção capitalista
A questão do suicídio na sociedade atual é bastante complexa e vista ainda como um tabu. Em sociedades anteriores, como na Europa antiga, no que se chamou como Império Romano, a busca voluntária pela morte era aprovada e reconheciam formas legítimas para este ato como única forma de fugir do sofrimento naquele contexto de guerras. Ao longo do tempo este ato foi visto como um pecado, a partir de Santo Agostinho que, com herança cristã, denomina a vida como uma “dádiva divina” e pôs início a uma moral e condenação ao suicídio. Segundo os dados do Centro de Valorização da Vida (CVV), 32 brasileiros se suicidam diariamente e no mundo ocorre uma morte a cada 40 segundos
Devemos nos perguntar: quais têm sido as perspectivas de vida para a nossa juventude? Sabemos ainda que 79% dos suicídios no mundo ocorrem em países de baixa e média renda, portanto o suicídio relaciona-se com questões de gênero, raça e classe social atreladas ao sistema de produção capitalista. No Capitalismo, a vida humana valorizada deve alcançar um lugar de aceitação social onde exige um padrão de beleza, de estilo de vida, de orientação sexual, de cor de pele, de prestígio e reconhecimento q deve ser seguido por todos.
Portanto, os serviços de saúde e os profissionais da saúde têm um papel fundamental em garantir um cuidado integral aos sujeitos que sofrem, pois o pensamento de morte pode acometer qualquer pessoa, mas a concretização do ato é um passo que pode ser evitado a partir de uma escuta qualificada, atendimento especializado e atenção às demandas colocadas pelo outro neste momento de dor e sofrimento latente.
É preciso que toda sociedade esteja atenta para além do Setembro Amarelo, pois o suicídio nos toma enquanto cotidiano e pode acontecer em qualquer mês do ano diante de um episódio de crise, angústia e desespero no qual o sujeito se veja com dor tamanha que já não consiga mais pedir ajudar para lidar com tal situação. Intensificar o cuidado é preciso de forma coletiva, não apenas individualizada! Estejamos dispostos a discutir de forma aberta e desconstruir estigmas de que a pessoa está sendo fraca, dramática, quer chamar atenção ou está com “falta de Deus”. Devemos quebrar o silêncio!
Onde procurar ajuda e suporte profissional: Unidade de Saúde da Família (Posto de Saúde), Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), UPA, SAMU, Centro de Valorização da Vida (CVV – 188).
FONTE: BRASIL DE FATO
FOTO: Agência Brasil