Considerada uma das 10 escritoras mais importantes para formação infantil pela ONU, Kiusam de Oliveira lança novo livro entre os dias 24 e 27 de março, em São Paulo
Kiusam de Oliveira, considerada uma das 10 escritoras mais importantes para formação infantil, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), lançará entre os dias 24 e 27, no Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso, na Vila Nova Cachoeirinha, zona norte de São Paulo, sua mais recente obra para crianças: O Black Power de Akin (Editora Cultura).
O evento, que ocorre em parceria com a Secretaria de Educação e de Cultura do estado e outras entidades, marca o quarto lançamento da carreira da escritora, também doutora em Educação e mestre em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP). Com ilustrações de Rodrigo Andrade, as páginas de sua nova obra ganha vida com a história do menino Akin, que leva o nome signo de um menino e homem valente.
Na história, Akin, de 12 anos, tem dificuldades para aceitar seus cabelos crespos por conta dos xingamentos que ele vivencia na escola onde estuda. A aceitação, no entanto, ganha força quando seu avô, responsável pela criação do menino e dos dois irmãos caçulas, levanta as histórias de ancestralidade para o menino perceber a força de sua identidade e do seu black power.
No livro, Kiusam de Oliveira mais uma vez reforça a concepção da “África enquanto berço da humanidade”, tema recorrente de suas obras, como explica em entrevista à Rádio Brasil Atual. Com títulos como Omo-Oba – Histórias de princesas, O mar que banha a ilha de Goré e O mundo no Black Power de Tayó, resgata a história do continente e promove reconhecimento, representatividade e empoderamento.
“Eu venho do magistério, além de ter sido uma criança negra, sou professora negra também, e, portanto, chegou o momento que eu acabei cansada de ouvir minhas alunas dizendo ‘professora não existem princesas negras’. Existe sim. E aí um dia eu resolvi tirar essas histórias da minhas gaveta e encaminhá-las para uma editora”, conta Kiusam sobre seu primeiro livro.
Na obra sobre a menina Tayó, por exemplo, a escritora desvela o racismo que sofre a jovem por conta de seus cabelos crespos, mas também seu empoderamento ao reconhecer na mãe o tamanho de sua beleza e força. “Com certeza isso é importante. Eu tenho inúmeras cartas, e-mails, falando sobre as consequências dessa leitura na vida de meninas, que começam a enfeitar, armar seus cabelos”, destaca a escritora.
“O racismo que é estrutural no Brasil e que atinge os nossos corpos negros a partir de xingamentos que vêm no primeiro momento, a partir da cor da pele, com apelidos sempre pejorativos, e depois vai para o cabelo . A gente precisa se atentar a isso, porque são formas de tratar uma pessoa a desumanizando. A nossa humanidade está a princípio para além dos nossos corpos, da nossa vida, para além de respirarmos, está no nome que nos foi dado, então esse nome ele é tudo e a gente precisa prestar atenção nisso”, ressalta Kiusam.
Confira a entrevista
FONTE: REDE BRASIL ATUAL
FOTO: TVT/Reprodução