O número de famílias que poderia receber o Bolsa Família, mas está fora do programa, passou de 1,76 milhão para quase 1,9 milhão entre junho e agosto. O acréscimo é, portanto, de 127 mil famílias em dois meses.
A conta inclui famílias em situação de pobreza ou de extrema-pobreza, com crianças e adolescentes e é baseada em dados do CadÚnico, que reúne dados das famílias mais vulneráveis do País.
No início do ano, essa ‘fila’ chegou a 3,6 milhões de famílias, das quais 37% viviam no Nordeste. Apesar disso, apenas 3% dos benefícios concedidos na época contemplava famílias nordestinas. Quatro meses depois, em abril, o governo incorporou 1,2 milhão de novos beneficiários ao programa.
O fenômeno acompanha as mudanças no Auxílio Emergencial. A primeira parcela do auxílio alcançou 67 milhões de beneficiários. Já quinta, até o fim de setembro, havia alcançado 56 milhões. Com a queda no valor do benefício, de 600 para 300 reais, a tendência é que essa demanda reprimida cresça ainda mais.
Pesa também o desemprego. Conforme afrouxam o distanciamento social, mais pessoas voltam a procurar emprego. Mas não tem encontrado. O desemprego chegou a 14,4%, o mais alto desde o início da pandemia, segundo dados do IBGE divulgados nesta sexta 16.
Para Shirley Samico, coordenadora de vigilância socioassistencial Secretaria de Desenvolvimento e Assistência Social de Pernambuco, essa situação afeta de forma desproporcional as mães chefes de famílias. “Mesmo que queiram trabalhar, estão impedidas até que retornem as escolas e creches”, avalia.
FONTE:CARTA CAPITAL
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